NOSSO FÓRUM-EMAIL!!!

Após trocar experiências e informações por email com os amigos , resolvi postá-las aqui:

"Deixar que as pessoas sejam como elas QUEREM ou PODEM ser é um exercício diário."

Foi esta frase que me ocorreu ao pensar no quanto ficava decepcionada, triste e chateada, quando as pessoas não agiam da forma como eu esperava que agissem. Era como se conversasse com alguém, pois a cada questionamento meu, outra resposta imediata me ocorria. E foi através desse diálogo interior que nasceu este texto:

1. Por que fico tão triste e decepcionada com as pessoas quando não agem como eu acho que deveriam agir?

R= "Deixar que as pessoas sejam como elas querem ou podem ser é um exercício diário."

2. Mas e quando elas agem de forma cruel e injusta como devo proceder?

R= Aceite-as como são e através da compreensão tente influenciá-las de maneira "suave" e "sincera". Se alguém fala "asperamente" ou "austeramente" com você, seu primeiro impulso é revidar e não aceitar aquilo que o outro quis dizer. Você constrói uma barreira, e acha-o antipático e invasivo. Entretanto se o outro coloca, gentilmente, com palavras vindas do coração e demonstra que o seu desejo é realmente ajudá-lo a enxergar melhor aquela situação, e por que deseja o seu bem, mostrando-lhe os benefícios para nós mesmos de agirmos de forma diferente, então o ouviremos e o compreenderemos.

Quem poderá ser "rude" ou "agressivo" com alguém que com "doçura" e "ternura" nos diz aquilo que precisamos ouvir?

Abaixo, transcrevo os comentários de alguns amigos que participaram do FÓRUM-EMAIL que foi realizado na semana passada.

OS COMENTÁRIOS ESTÃO PRECIOSÍSSIMOS!!! LEIAM:
Amigos, obrigada pela participação. As respostas enviadas estão organizadas abaixo do texto que gerou este fórum:

Dulce Maria Teixeira

Meninas, exercitar a tolerância - aceitando a cada um como cada um é ou se permite ser - revela diferentes graus de evolução que buscamos ao longo de nossas existências.Todavia,Num primeiro momento, aprendemos a calar a palavra, e muito lentamente, aprendemos a perdoar.Contudo, o auto burilamento se dará paulatinamente, pelo auto-conhecimento e disciplina constantes.E, eu diria que, flar é sempre mais fácil que fazer, as vezes isso leva muitas encarnações, muitas quedas, idas e vindas.Mas tentar e persistir é preciso.Se tivermos a convicção de nossa necessária evolução, cada um a seu tempo, encontra formas de se melhorar, progredir, aceitando melhor a si mesmo e aos outros. Abraços fraternos. (Dulce Maria Teixeira)

R= Dulce, minha amiga querida! Que saudade!

Amiga, foste muito objetiva ao buscar na frase, "Deixar que as pessoas sejam como elas QUEREM ou PODEM ser é um exercício diário", a essência da questão que fala do EXERCÍCIO.Tuas palavras: "A aceitação precisa ser uma disciplina diária e evolutiva, nem sempre estamos preparados, os diferentes graus de compreensaõ vem do exercício constante da paciência, tolerância, mas, principalmente do autoconhecimento." Se ficamos incomodados com o comportamento de alguém, devemos em primeiro lugar verificar o tipo de sentimento que aquela atitude nos causou: orgulho ferido, tristeza, raiva, mágoa, perda do controle da situação, rejeição etc. Depois de assumirmos o sentimento que nos motivou, começa então o treinamento: Pensar nos motivos que levaram o outro a agir daquela forma e aceitar que ele o fez porque não sabia fazer diferente, pode ajudar bastante. Ao invés de nos afastarmos daquela situação para não sofrer, devemos fazer o contrário - tentar buscar os motivos que nos atraíram para aquele evento e nos aproximarmos da pessoa, na busca de compreensão. Talvez este seja o passo mais doloroso para o nosso EGO, que vai fazer de tudo para que viremos as costas àquele aprendizado. Mas se enfrentarmos esse "dragão" (EGO) e persistirmos no aprendizado, cada dia doerá menos, até que as atitudes dos outros não interfiram no nosso bem-estar.Beijos (Luza Mai)

Inês Dutra Silveira

"Ótima idéia Luza! Vamos tentar!Tem momentos na vida de todos nós em que é necessário deixarmos o que temos de melhor em nossa casa mental falar para que possamos realmente ver o outro. Por vezes, uma indelicadeza, uma grosseria ou uma injustiça aos nos olhos, podem sinalizar uma oportunidade ímpar de perceber o que o outro tem de melhor. É um momento em que necessitamos de muita coragem e persistência para alcançar aquele que nos pede socorro de uma forma diferente. Quando achamos que perdemos por mostrar a outra face ou silenciando em meio aos gritos, aí é que encontramos as maiores vitórias, pois não vencemos outro, mas sim as nossas maiores imperfeições. Um abraço fraterno. (Inês)"

R= Inês, uma das tuas frases: "Quando achamos que perdemos por mostrar a outra face ou silenciando em meio aos gritos, aí é que encontramos as maiores vitórias, pois não vencemos o outro, mas sim as nossas maiores imperfeições." , fez com que lembrasse de um filme infantil a que assisti "Treinando seu Dragão" , onde o protagonista se vê frente a trente com este animal feroz e temido por todos. No primeiro momento sentiu "medo" e depois descobriu que o "Dragão" estava ferido e também soltou "fogo pelas ventas" (ou boca), porque estava com medo e aquela era a sua linguagem. A salvação do menino estava em identificar no dragão o seu próprio medo e aproximar-se, ajudando-o a curar as suas feridas. Os dois tornaram-se amigos e o menino passou a treiná-lo, desafiando a cultura do seu próprio povo que matava a todos os dragões e os viam como uma grande ameaça. A atitude do menino acabou influenciando a todos, que acabaram por mudar um comportamento que vinha de muitas gerações. Vencendo o seu medo ele venceu a si mesmo. Beijos . (Luza Mai)

Tony Souza

"Em sã consciência ninguém deveria ser rude ou agressivo com alguém que nos ama, mas somos imperfeitos e precisamos do aprendizado para estar sempre melhorando a nossa recepção de amor e caridade. Uma lição importante é conhecer-te a ti mesmo aprimorando nossas fraquezas, eliminando rancores e ódio, e plantando sementes de amor e fraternidades em nossos corações que certamente iremos colher douçuras e ternuras. Existe outra versão para este tipo de agressão que quase sempre quando dita com verdades fere o íntimo da outra pessoa e esta não gosta e revida por se sentir ofendida ou desmoralizada mas isso tudo é por falta do aprendizado e do conhece-te." (Antonio Souza)

R= É isso mesmo, Tony: Adorei as tuas colocações!!! O autoconhecimento, na maioria das vezes, é um processo muito doloroso, pois desmistifica o "ser idealizado" que criamos para nós mesmos. E dói, dói muito reconhecermos que somos cheios de defeitos e limitações. Quando identificamos esses defeitos e partirmos para o exercício da eliminação dos mesmos, temos a impressão de que estamos "piores" do que éramos antes (nos sentimos tristes e até deprimidos), de que estamos fazendo o caminho inverso na busca de iluminação; mas, na verdade, estamos nos vendo, como realmente somos, sem máscaras. Esse é o primeiro passo para a transformação. (Luza Mai)

Damião Medeiros

"O Ser Humano, corpo, mente e espírito age também por instinto(animal).Sua Mente e seus Espírito, o psiquico, age de acordo: 1) LivreArbítrio outorgado por Deus; 2) corpo são, mente sã em perfeitaharmonia com o Espírito. Os desequilíbrios físicos do Homem sãoparcialmente tratados pela medicina, mas os desequilíbrios psíquicos,os sentimentos - amor, ódio, inveja, luxúria... têm só um remédio -Deus. O cristão tem o dever de mostrar, apresentar Deus para todas aspessoas, inclusive as desequilibradas; a melhor forma de ser cristão édar exemplos, inclusive não se conformar com os desequilíbriospsíquicos, sociais, emocionais, espirituais no Próximo."

R= Damião!!! Sábias Palavras, amigo!!!Principalmente, quando dizes:"O cristão tem o dever de mostrar, apresentar Deus para todas as pessoas, inclusive as desequilibradas; a melhor forma de ser cristão é dar exemplos, inclusive não se conformar com os desequilíbrios psíquicos, sociais, emocionais, espirituais no Próximo". Exatamente, amigo! Jamais conseguiremos convencer alguém de alguma coisa se nossas palavras não condizerem com a nossa conduta. Então, uma das formas de lidar com essas pessoas é demonstrando em atitudes aquilo que Jesus nos ensinou: "Amar aos nossos inimigos", "Sermos tolerantes", "Termos Paciência". Se todas essas coisas que Jesus pregou, não se relacionam ao nosso próximo que está "doente da alma", provavelmente, não seriam para os "sãos." Acredito, que se todos se amassem na Terra como as mães amam seus filhos (amor incondicional), estaríamos em um estágio e num planeta muito mais evoluído. Aceitar que o erro do outro provém da falta de consciência, ainda imatura para aquele aprendizado, é o primeiro passo para ajudá-lo. Não se EDUCA sem AMOR. "..não se conformar com os desequilíbrios psíquicos, sociais, emocionais, espirituais no Próximo". Não devemos nos conformar, mas não devemos nos igualar àqueles que tentam impor, de forma intolerante e agressiva a SUA VERDADE (seríamos contraditórios aos ensinamentos cristãos) pois jogaríamos "palavras ao vento" e JAMAIS seríamos ouvidos. Por isso é fundamental iniciarmos primeiro a mudança em nós, praticando a paciência, a tolerância e o AMOR, para estarmos à altura de tal tarefa. Um grande abraço, querido amigo!!!! (Luza Mai)

Maria Angélica Freitas

Ok, amiga. Todos passamos por isso um dia e o tema dá mesmo o que pensar acerca de desejos e frustrações e arrisco a dizer um pouquinho do que me ocorre agora.. Nada de absoluto. Mas a questão da crueldade pode ser um mecanismo de defesa daquele que não sabe dialogar, por insegurança,falta de referências positivas ou falta de amor próprio. Aquele que não ama a si mesmo não pode amar a outrem...De um lado a questão exige aceitação porque alguém não quer o mesmo para si (não tem o mesmo desejo, a mesma idealização). Aliás: quem tem amor próprio também não vai ficatr insistindo e sofrendo por causa de um não.Por outro lado penso na postura de elegância em fazer-se respeitar numa negativa sem ferir a si ou ao que lhe pede algo.O princípio é o da liberdade . A minha liberdade de querer termina na do outro de não querer. Seguirei pensando e lendo as colocações. Bjs É isto mesmo, Angélica! Quando dizes: "Mas a questão da crueldade pode ser um mecanismo de defesa daquele que não sabe dialogar, por insegurança,falta de referências positivas ou falta de amor próprio. Aquele que não ama a si mesmo não pode amar a outrem..."

R= Exatamente, querida! Ninguém pode oferecer aquilo que não tem. As posturas agressivas são mecanismos de defesa SIM, e, muitas vezes, para não sermos descobertos pelo outro e mostrarmos as nossas fraquezas, como colocas acima. Grande abraço, amiga(Luza Mai)

Gládis Maria Ferrão Barcellos

Oi, Luza! Que idéia brilhante esta do Fórum! Adorei! Ah! minha amiga! Ninguém pode dar aquilo que não tem!Esta nossa caminhada terrena, rumo ao mais alto, é uma escola!Estamos matriculados em seus diversos cursos. Há alunos iniciantes, aprendendo o b-a-bá , há os que estão pela metade do curso e há aqueles, que com muito esforço estão nas séries finais.Todos lutando, galhardamente, através do processo de acertos e erros, mas com certeza, indo em frente... Só o amor constrói!!! Se já pudermos distinguir a crueldade e a injustiça nos outros, sem a praticarmos,é hora de entendermos aqueles que ainda se perdem na ignorância destas ações. Não tem outro caminho, é difícil, mas é preciso tentar: "Amar á Deus sobre todas as coisas e o próximo como a nós mesmos". Cada um de nós, seres em construção, é o melhor que pode ser....

R= Gládis, querida! Definiste muito bem os diferentes níveis de consciência dos seres que caminham junto a nós: " Há alunos iniciantes, aprendendo o b-a-bá , há os que estão pela metade do curso e há aqueles, que com muito esforço estão nas séries finais. Todos lutando, galhardamente, através do processo de acertos e erros, mas com certeza, indo em frente..." Como passar de um estágio a outro sem os aprendizados necessários, nos burilando a alma? Só há aprendizado quando demonstramos através da experiência e das nossas atitudes na nossa caminhada terrena. Bjs, amiga (Luza Mai)

Juarez

A maior de todas as armas ainda é abstrata...é a palavra.
A palavra é a pá que lavra o campo dos nossos sonhos,dos nossos idéias.
A palavra esta entre o homem e deus, Entre a paz e a guerra
Quando falamos muitas vezes cativamos multidões. Eu prefiro ser simples do que ser humilde.
Quando a gente quer que alguém faça algo parecido ou igual a nós, cabe a Nós educarmos esta pessoa para tal tarefa. E se o aluno não superar o mestre, não vai existir evolução.
Beijos luza ou azul. (Juarez)

R= Muito interessante o teu ponto de vista, Juarez! Só que para sermos mestres e ensinarmos alguém é preciso que tenhamos passado por um processo de transformação interior e que estejamos aptos para tal tarefa. Como somos humanos e estamos muito longe da perfeição do Mestre, vamos nos contentando em exercitar em nós mesmos essa mudança, antes de tentá-la no outro. Jamais conseguiremos convencer alguém de alguma coisa se nossas palavras não condizerem com a nossa conduta. Então, uma das formas de lidar com essas pessoas é demonstrando em atitudes aquilo que Jesus nos ensinou: "Amar aos nossos inimigos", "Sermos tolerantes", "Termos Paciência". Se todas essas coisas que Jesus pregou, não se relacionam ao nosso próximo que está "doente da alma", provavelmente, não seriam para os "sãos." Acredito, que se todos se amassem na Terra como as mães amam seus filhos (amor incondicional), estaríamos em um estágio e num planeta muito mais evoluído. Aceitar que o erro do outro provém da falta de consciência, ainda imatura para aquele aprendizado, é o primeiro passo para ajudá-lo. Não se EDUCA, sem AMOR.

RELÍQUIAS DE FERNANDO PESSOA

 Relíquias de Fernando Pessoa 

pelo seu Homônimo Alberto Caeiro - Retirado do livro "O Pastor Amoroso"

"Quando eu não te tinha
Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo...
Agora amo a Natureza
Como um monge calmo à Virgem Maria,
Religiosamente, a meu modo, como dantes,
Mas de outra maneira mais comovida e próxima.
Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos até à beira dos rios;
Sentado a teu lado reparando nas nuvens
Reparo nelas melhor...
Tu não me tiraste a Natureza...
Tu não me mudaste a Natureza...
Trouxeste-me a Natureza para ao pé de mim.
Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
Por tu me escolheres para te ter e te amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as cousas.

Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.
Só me arrependo de outrora te não ter amado."

II

Está alta no céu a lua e é primavera.
Penso em ti e dentro de mim estou completo.

Corre pelos vagos campos até mim uma brisa ligeira.
Penso em ti, murmuro o teu nome; não sou eu: sou feliz.

Amanhã virás, andarás comigo a colher flores pelos campos,
E eu andarei contigo pelos campos a ver-te colher flores.

Eu já te vejo amanhã a colher flores comigo pelos campos,
Mas quando vieres amanhã e andares comigo realmente a colher flores,
Isso será uma alegria e uma novidade para mim.

III

Agora que sinto amor
Tenho interesse nos perfumes.
Nunca antes me interessou que uma flor tivesse cheiro.
Agora sinto o perfume das flores como se visse uma coisa nova.
Sei bem que elas cheiravam, como sei que existia.
São coisas que se sabem por fora.
Mas agora sei com a respiração da parte de trás da cabeça.
Hoje as flores sabem-me bem num paladar que se cheira.
Hoje às vezes acordo e cheiro antes de ver.

IV

Todos os dias agora acordo com alegria e pena.
Antigamente acordava sem sensação nenhuma; acordava.
Tenho alegria e pena porque perco o que sonho
E posso estar na realidade onde está o que sonho.
Não sei o que hei-de fazer das minhas sensações,
Não sei o que hei-de ser comigo.
Quero que ela me diga qualquer coisa para eu acordar de novo.

Quem ama é diferente de quem é.
É a mesma pessoa sem ninguém.

V

O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.

VI

Passei toda a noite, sem saber dormir, vendo sem espaço a figura dela
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distracção animada.
Quando desejo encontrá-la,
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
E prefiro pensar dela, porque dela como é tenho qualquer medo.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero.
Quero só pensar ela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.

VII

Talvez quem vê bem não sirva para sentir
E não agrade por estar muito antes das maneiras.
É preciso ter modos para todas as cousas,
E cada cousa tem o seu modo, e o amor também.
Quem tem o modo de ver os campos pelas ervas
Não deve ter a cegueira que faz fazer sentir.
Amei, e não fui amado, o que só vi no fim,
Porque não se é amado como se nasce mas como acontece.
Ela continua tão bonita de cabelo e boca como dantes,
E eu continuo como era dantes, sozinho no campo.
Como se tivesse estado de cabeça baixa,
Penso isto, e fico de cabeça alta
E o dourado do sol seca as lágrimas pequenas que não posso deixar de ter.
Como o campo é grande e o amor pequeno!
Olho, e esqueço, como o mundo enterra e as árvores se despem.


Eu não sei falar porque estou a sentir.
Estou a escutar a minha voz como se fosse de outra pessoa,
E a minha voz fala dela como se ela é que falasse.
Tem o cabelo de um louro amarelo de trigo ao sol claro,
E a boca quando fala diz cousas que não há nas palavras.
Sorri, e os dentes são limpos como pedras do rio.

VIII

O pastor amoroso perdeu o cajado,
E as ovelhas tresmalharam-se pela encosta,
E, de tanto pensar, nem tocou a flauta que trouxe para tocar.
Ninguém lhe apareceu ou desapareceu... Nunca mais encontrou o cajado.
Outros, praguejando contra ele, recolheram-lhe as ovelhas.
Ninguém o tinha amado, afinal.
Quando se ergueu da encosta e da verdade falsa, viu tudo:
Os grandes vales cheios dos mesmos vários verdes de sempre,
As grandes montanhas longe, mais reais que qualquer sentimento,
A realidade toda, com o céu e o ar e os campos que existem,
E sentiu que de novo o ar lhe abria, mas com dor, uma liberdade no peito.

ESTOU NO CAMINHO CERTO?

Ontem à noite fiquei pensando sobre o que fiz nos últimos anos da minha vida. Queria obstinadamente saber se deveria ou não continuar em determinado caminho. Clamava à Maria, a Jesus, ao meu mentor, ajuda para tomar essa decisão. Todas as respostas que obtinha interpretava como a permanência neste caminho, apesar das dificuldades que encontrava a cada passo. Cheguei a conclusão de que ao optar pela permanência, ou não, neste caminho, eu queria a certeza da vitória .Aí é que está o problema: Se tivermos a certeza de que tudo saírá como esperamos, se formos por aquele caminho, qual será o "mérito" nosso por tê-lo escolhido? Podemos obter a "orientação" solicitada, mas o caminho vai sendo construído à medida que vamos fazendo escolhas dentro deste próprio caminho. Nossas possibilidades de escolha vão aumentando à medida que evoluímos , mas continuamos cometendo erros dentro dessas escolhas, e é natural que isso aconteça, pois faz parte do nosso APRENDIZADO. Hoje sei que tudo o que eu precisava era um encontro comigo mesma, com as minhas limitações; precisava desmistificar o "ser perfeito" que eu havia construído; precisava aprender a amar e a respeitar todos os seres incondicionalmente. Apesar de saber tudo isso, ainda tenho muitas dúvidas, mas meu coração está sereno e com a certeza de que tudo vai chegar aonde deveria, da forma que tiver que ser. Ontem percebi que o que devemos pedir é "lucidez" aos nossos mentores, na hora de tomar uma decisão, e não que eles escolham o caminho por nós.

NOVAS CARTAS DO AMIGO!!!

Sabe Amiga Luzinha!
Tenho recebido luzes maravilhosas vinda de Amigos como você, especiais, sei que não preciso dizer isso, pois você lá no fundo do seu coraozinho já sabe disso, Amiga que me perdoa mesmo sabendo que erro às vezes, mas me aceita como eu sou, mas eu queria lhe dizer que todas às vezes que errei, e tenho consciência disso, talvez pela omissão de dizer o que me vai no imo da Alma, e nem sempre estou disposto a fazê-lo, e se o faço é querendo acertar,muitas vezes pode me ouvir quando meu coração palpitava de emoção e ternura por alguém que até, então não sabia, mas que seria minha dura lição do desapego, é verdade, sofri, chorei, amei -ou pelo menos pensei amar, mas agora como que iluminado por um novo Amor descubro que toda essa dor foi necessária, pois descortinava em mim o novo homem, mas maduro, seguro do que quer, mas olho para trás e percebo os rastro que dexei nessa estrada, e se não contasse com Amigos Especiais, como você, não teria suportado. Sua palavra sempre tão imparcial, mas direta que às vezes, confesso, feria meu ego, que ainda rastejava para levantar-se e enxergar que a estrada era longa, mas com final em porto seguro,
É provável que eu não tenha oportunidade para lhe falar à Alma como falo agora, só em desdobramento, quando nem sempre guardamos aquilo que precisamos aprender, mas queria lhe dizer que esse Homem que me entrega essa Carta a qual remeto a você, com muito Amor e carinho tem me conduzido a lugares tranquilos e serenos, que refrigeram minha alma, então compartilho com você o melhor momento da minha vida.

RESPOSTA:

Meu amigo querido!
Suas palavras penetraram na minha alma como se fosse uma melodia muito, mais muito mesmo, harmoniosa. Parece contraditório que o mesmo sentimento que nos aniquila, faz sofrer, é o mesmo que um dia vai nos elevar às alturas, quando transformado, sublimado, purificado em nosso coração. Eis um trecho da mensagem que me enviaste "A Carta de Deus": "E se você é meu milagre, use seus dons, transforme a escuridão em LUZ, modifique o lugar que você vive, transmitindo às pessoas, esperança, alegria e otimismo."
Querido AMIGO, sofremos porque é muito difícil adimitirmos que todas as mudanças têm de acontecer "dentro de nós". Queremos que as circunstâncias externas mudem a nosso favor e nos frustramos quando percebemos que nada mudou, mas só nós é que mudamos. E isso já é um grande ganho, ou melhor, o MAIOR. É esse nosso "novo olhar" para o que nos acontece que vai nos libertar da dor e nos conduzir por um caminho mais seguro. A CHAVE é o PERDÃO do que achamos que nos fizeram. E quando esse perdão brota sincero e verdadeiro de dentro do nosso coração, ele se mistura com um novo tipo de amor: sem expectativas, mais compreensão, mais sereno, e portanto SEM DOR. Deves saber do que falo, pois conheces bem a minha trajetória. Hoje, quando penso neste AMOR, sou invadida por uma emoção inexplicável, completa, nada mais precisa acontecer...e isso faz um bem enorme para a alma.
Fiquei tão feliz ao ler a sua carta tão cheia de ternura e tão verdadeira. Você é o meu amigo de LUZ. Vejo você assim caminhando em direção a LUZ e cada vez mais sua consciência ampliada lhe guiando.
Quando comecei a ler a sua carta lembrei-me de um texto que se chama "O instante mágico" e vou postá-lo abaixo. Ele fala de quem caminha ao lado do AMOR:

O INSTANTE MÁGICO

Foi o que senti naquele instante mágico em que o Amor se fez visível aos sentimentos da minha alma:

...Então Ele (o Amor) ia um passo à minha frente enquanto caminhávamos, e um corpo diante de mim enquanto voávamos... e aprendi num instante todos os segredos de todos os caminhos traçados para quem segue o Amor pelo espaço...

...Ele esteve ao meu lado pra me abraçar e proteger (com seus braços macios e firmes) de todo o mal que a falta da sua presença( o Amor) causa eternamente aos corações de todos que só o conhecem como notícia fugaz... E minha alma se sentiu numa redoma de braços invisíveis, e meu coração se alegrou no instante que se sentiu seguro...

...Então não mais olhei para baixo nem tive medo de cair, porque naquele momento senti que o Amor é o melhor lastro, e que esse alicerce é muito mais firme que toda a segurança que a terra possa oferecer aos pés dos que se apegam ao pó...

...E nesse momento não mais senti fome, porque vi dentro do meu peito que já havia me alimentado do melhor alimento que é oferecido nos banquetes celestiais, e me senti saciado da sede por ter bebido da taça do vinho transparente oferecido aos convidados da mesa do rei...

...E só quando se abriram os meus ouvidos é que eles foram purificados de toda a imundície de sons mentirosos que poluem os espaços dos corações vazios e foi então que não mais ouvi sons de terra... (Porque o barulho dos que não ouviram os sons que ouço, são confusões e agonias)... E foi nesse instante que a música desejada pelos ouvidos e almas de todos os anjos soou em mim, e cantei também, tão afinado como se estivesse treinando a minha voz por todos esses séculos últimos passados...

...E não vi mais tristezas e nem alegrias, mas experimentei um outro sentimento mais elevado que esses por onde oscilei como todos os homens oscilam como em um gráfico perverso traçado entre os céus e o inferno... E entendi no mesmo instante que a alegria e a tristeza dos homens são causadas pelos mesmos motivos pelos quais eu, por um milagre maior que os pregados nos púlpitos, estava livre para sempre e sempre....

...E foi nesse instante que o Amor voou um pouco mais rápido e se postou um pouco mais à frente, e um pouco mais acima da minha cabeça, e veio a mim o entendimento sem palavras, que ele está acima de todas as estrelas que brilham lá embaixo na terra...

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O AMOR nunca é em vão para aqueles que o buscam em seus corações. Ele traz sempre a promessa da libertação de todos os medos, de todas as inquietações da alma. Ele vem para purificar o espírito e aproximá-lo mais do Criador.

O AMOR não perde nunca, porque não possui. O ser amado é livre, mas a sua essência está dentro do nosso coração. Ninguém a pode roubar ou destruir, pois está tão bem construída e fundamentalmente enraizada que tornou-se parte de nós.